terça-feira, 4 de março de 2008

Polícia Militar do PI trabalha em más condições segundo a ABECS

O presidente da Associação Beneficente dos Cabos e Soldados (ABECS) Jarbas Cavalcanti, em entrevista ao GP1 denunciou vários problemas que a categoria vem enfrentando como a falta de fardamentos, estrutura nos quartéis e outras questões que tem dificultado o trabalho dos policiais, além do descumprimento do estatuto.

De acordo com o presidente, a categoria reclama de baixos salários, falta de moradia digna como casas populares, má estrutura nos quartéis, falta de efetivo, armas ultrapassadas, entre outros.

"Nós temos um grave problema de falta de fardamentos, antes eram duas fardas, mas agora cada policial só tem uma e é com ela que tem que trabalhar, não importa se está molhada ou suja, o que ocorre na realidade é que a Policia militar do Piauí trabalha com fardamento bate-enxuga" denuncia Jarbas Cavalcanti.

Segundo ele, o Governo não está cumprindo o estatuto dos policiais militares há pelo menos dez anos. Pelo estatuto, a cada seis meses o fardamento dos policiais deve ser trocado, o que não vem acontecendo.

"Nós até sugerimos que no final de cada semestre esse dinheiro poderia cair em nossas contas, assim nós mesmos compraríamos nosso fardamento, mas não é isso que ocorre", diz o presidente Jarbas.

Jarbas revelou também que o policial têm um salário de R$ 914,00 e que de acordo com ele é pouco, e muitas vezes são obrigados a comprarem seus fardamentos. "Uma farda completa sai por R$ 250,00, tirando do nosso salário já compromete muito o orçamento das nossas famílias", desabafa o policial militar.

O presidente apontou problemas como a indefinição nas escalas de trabalho, os horários não são determinados; risco de vida, ele disse que é a única do mundo que não tem; a falta do adicional noturno; o plano de saúde até funciona, mas tem suas limitações, porque não tem ambulância para pegar o doente em casa.

Outra reivindicação antiga da categoria é a falta de casas populares para os policiais militares. Para ele, o ideal seria que os policiais tivessem moradias dignas e pudessem sair para o trabalho deixando suas famílias em segurança.

"Grande parte dos nossos policiais vivem em favelas junto com os bandidos, é complicado trabalhar, quando prendemos um bandido logo olhamos para ver se não mora perto de nós, porque se morar pode nos marcar", ressalta o presidente Jarbas Cavalcanti.

A questão das denúncias que são feitas contra os policiais também foi levantada por Jarbas Cavalcanti. "Qualquer pessoa que se diz vítima de um policial chega aos Distritos e faz a denúncia, mesmo sem prova, aí nós somos obrigados a provar nossa inocência. Quando é provado, não acontece nada a quem denunciou, fato que é um crime e desmoraliza os policiais", diz.

Sobre o Comandante Geral da PM

De acordo com Jarbas Cavalcanti, o Comandante da Polícia Militar no Piauí, Coronel Francisco Prado até que vem se esforçando em relação ao aparelhamento da Polícia Militar. Mas segundo ele, não vê muita diferença em relação aos outros comandantes passados."É sempre a mesma coisa, cobram muito e oferecem pouco", denuncia Jarbas.

Interior do Estado

O policial Militar de Corrente, José Carlos, que representa a ABECS na região sul do Piauí revelou também a situação que estão trabalhando os policiais do interior. "No interior do Piauí já existem policiais trabalhando sem fardas, porque não têm condições de comprar e estão há muito tempo sem receber", afirma o PM.

Segundo ele, o fardamento até pode vir, mas só para a capital, quando vai chegar ao interior os outros já estão muito velhos. Ele diz que em Corrente, por exemplo, os policias estão há um ano e sete meses sem trocar o fardamento. "Além disso, o quartel de Corrente está para cair em cima dos policiais, precisa de uma reforma urgente" reclama o policial José Carlos.

Segundo ele, cidades como Corrente, Lagoinha, Avelino Lopes, Paulistana, Moro Cabeça do Tempo, Giubués, são algumas que os policiais mais passam por dificuldade. "Nestas cidades, alguns policiais são obrigados a irem trabalhar a uma distância de 80 km pagando passagens de R$ 15,00 do próprio bolso", denuncia o policial, acrescentando que eles ainda têm de ficar expostos nas paradas esperando ônibus, o que é um risco para eles caso encontrem algum marginal.

Depoimentos

"Trabalho na Casa de Custódia, quando é dia de revistar os detentos formamos um grupo com seis policiais, o que é muito pouco para revistar 20 presos. Já ouvi comentários de alguns deles que convidavam os outros para atacarem os policias nem que morresse algum, mas que ao final conseguiriam tomar a arma de algum, falta efetivo", diz um policial que não quis se identificar.

"Nos presídios à noite, somos poucos, mas os presos não sabem, aí temos que passar a impressão que somos vários, senão eles poderiam tentar uma rebelião", afirma outro PM.

"Sobre a falta de fardamento é tudo verdade, está um verdadeiro "bate enxuga", o governo está falhando neste ponto", diz o policial de iniciais S.C.

Comando Geral da Policia Militar sobre o caso

O Portal GP1 procurou o Comandante Geral da Polícia Militar do Piauí, Francisco Prado para falar sobre as denúncias feitas pelo presidente da Associação Beneficente dos Cabos e Soldados, Jarbas Cavalcanti.

"Sinceramente acho que ele está desinformado de tudo. No fim de 2007 eu paguei fardas para eles, e neste ano também já paguei fardas para quase todos os batalhões, não entendo o que ele fala", declarou.

Sobre a questão dos baixos salários, o comandante disse que o governo já encaminhou à Assembléia Legislativa o projeto que regularizará o aumento para os policias. Ele deverá ser votado em breve e a expectativa é que apartir de maio, a PM já tenha um novo salário.

O comandante não quis revelar o valor, mas afirmou que todos os presidentes de associações concordaram com a quantia.

Para o Comandante da PM no Piauí, o presidente Jarbas está fazendo politicagem para garantir a reeleição. As eleições da ABECS serão dia 28 de março.

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