terça-feira, 20 de outubro de 2009

SERRA DA CAPIVARA: Há mais de 50 milhões de anos, o Piauí já existia

Dia 19 de outubro, dia do Piauí. Para muitos historiadores a data é questionada. Certo mesmo, só a convicção de cada piauiense de que vive em um estado diferenciado. Não importa o ano ou o dia, o Piauí fez história, tem história e o que comemorar.

Longe de toda essa discussão, foi entrevistada a arqueóloga paulista e piauiense por opção, Niède Guidon. Para ela, o Piauí já existe há mais de 50 milhões de anos, quando o Homem Americano habitou essas terras e fez do Parque Nacional Serra da Capivara, a primeira capital do Estado.

Em uma longa entrevista, Niède Guidon falou sobre sua luta pelo reconhecimento de sua teoria na comunidade científica mundial sobre a origem do Homem Americano, dos trabalhos realizados no parque atualmente, dos incentivos, de críticas e principalmente do desejo em conseguir despertar o interesse dos jovens pesquisadores sobre a Arqueologia, para que continuem este trabalho.

Niède tem 76 anos e destes, 36 foram dedicados aos estudos sobre os antepassados que passaram pela Serra da Capivara há muito tempo.

Para ela, tudo já valeu a pena. Após muitas lutas, a comunidade científica mundial já reconhece sua teoria como verdadeira, o que testifica que o Homem Americano pisou primeiro em solo piauiense.

"Na verdade, a comunidade científica sempre aceitou nossa teoria, apenas os americanos contestam, mas aos poucos, eles também vão aceitando. Hoje, os americanos até estão pesquisando nas costas do país e procuram por novos achados. No entanto, essa batalha já foi vencida e é fato. O Homem Americano habitou primeiro o Piauí e hoje, entendo que simbolicamente, o Estado nasceu há mais de 50 milhões de anos”, explica a arqueóloga.

Os sítios

O Parque Nacional Serra da Capivara conta com 1.300 sítios arqueológicos catalogados, sendo um dos últimos encontrado em 2003, onde foi achado um esqueleto de 31 mil anos.

Niède Guidon conta que os estudos continuam e no parque, estudantes de vários países da Europa, fazem seus mestrados sobre o local. “É bem possível que venhamos a encontrar outros vestígios bem mais antigos de 40 e 50 milhões de anos, pois se os primeiros habitantes procuraram as cavernas para se abrigarem, eles passaram por outros locais. E os estudos são nesse sentido, de sempre explorar o parque”, ressalta a arqueóloga.

Para manter o parque em perfeita ordem, hoje trabalham 168 funcionários. Os incentivos para o trabalho vêm do Governo Estadual e Federal. Segundo Niéde Guidon, eventos como o Congresso de Arqueologia realizado na cidade de São Raimundo Nonato no início deste semestre para discutir vários temas relacionados à Arqueologia, são de fundamental importância para servir de experiência para os profissionais.

“Eu estive recentemente com o Governador Wellington Dias e ele me prometeu recursos para a publicação de livros com teses sobre os estudos feitos na Serra da Capivara. Agora em novembro, alguns desses livros serão lançados, o que vai divulgar mais ainda nosso trabalho”, explica.

No âmbito federal, Niède disse que recebem doações de empresas com a Petrobras. Outra ajuda, acrescenta a Arqueóloga, é recebida através de repasses obtidos por meio da Lei Rouanet.

Mas mesmo com esses incentivos, ela disse que está faltando uma das coisas principais. Embora alunos e pesquisadores de outros países estejam sempre procurando o parque para fazer pesquisas, os estudantes e pesquisadores do Piauí ainda não tomaram gosto pelo trabalho. Ela teme pelo fim dos estudos.

“Hoje estou com quase 80 anos e em breve não poderei mais continuar este trabalho. É preciso que nossos pesquisadores se interessem pela causa e comecem a estudar o parque. Aqui ainda tem muitas coisas interessantes para serem descobertas”, cobra Niède Guidon.

Fonte de Trabalho

O Parque Nacional da Serra da Capivara não é só encanto aos turistas, também é fonte de trabalho e emprega praticamente toda a população de São Raimundo Nonato. No entanto, ela reivindica mais recursos para a população, para que possam desenvolver outras atividades. “Na Cidade do México (México), por exemplo, os agricultores estão mudando de vida com o cultivo de cactos. Aqui tem muito dessa vegetação e poderia também ser aproveitada pelos agricultores”, aponta.

Turismo

Considerado um dos pontos turísticos mais importantes do Piauí, o Parque Serra da Capivara recebe cerca de 6 mil turistas todos os anos.

Sonho

Para Niède Guidon, todo este trabalho feito ao longo de três décadas já valeu a pena. Mas um sonho seu ainda não foi realizado. Emocionada, Niède fala do Aeroporto Internacional da cidade.

“No dia em que o primeiro avião comercial pousar aqui, aí sim, vou ter realizado todos os meus sonhos. Será o início de novos tempos no parque e com certeza, o número de turistas visitando aqui vai aumentar muito”, revela a arqueóloga de origem francesa.

Na Pré-História...

A Arqueóloga, professora e pesquisadora Niède Guidon, finalizou a entrevista com uma frase, que de acordo com ela mesma, sempre diz, quando concede alguma entrevista sobre o parque. “NA PRÉ-HISTÓRIA, O PIAUÍ ERA DE PRIMEIRO MUNDO”, diz. Para ela, os povos que habitaram este solo há muito tempo era muito desenvolvido e que atualmente, os piauienses precisam resgatar estes valores de seus ancestrais.

Parabéns

“Não conheço muito a História do Piauí, apenas os momentos mais marcantes, como a Batalha do Jenipapo. Quando cheguei me enfiei logo aqui, mas nesse dia, não poderia deixar de parabenizar este estado que é, sem dúvidas, o berço do Homem Americano. PARABÉNS PIAUÍ!”, conclui Niède Guidon.

Matéria na íntegra e fotos: www.tvcanal13.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário